O Transtorno de Estresse Pós-Traumático (TEPT) é um distúrbio de ansiedade onde a pessoa vivencia sintomas físicos, emocionais e psíquicos.
Os sinais que surgem em até seis meses após o evento traumático desencadeiam pensamentos negativos, intrusivos e repetidos sobre morte, tristeza e depressão.
Acometendo entre 15% e 20% da população, a TEPT surge após a vivência de atos de violência urbana, abuso sexual, agressão física, assalto, tortura, sequestro, guerra, acidentes, catástrofes naturais ou não, ou qualquer outro que tenha causado o sentimento de medo, horror ou impotência.
Em geral, trata-se de situações que colocaram a vida do indivíduo ou de terceiros em perigo.
As pessoas que sofrem com o transtorno relembram a situação que desencadeou o estresse, tal como se ele estivesse acontecendo naquele momento, experimentando então as mesmas dores e sofrimento.
Essa revivescência desencadeia alterações neurofisiológicas e mentais. Uma das explicações fisiológicas para o surgimento do transtorno de estresse pós-traumático é o desequilíbrio nos níveis de cortisol (hormônio do estresse) ou ainda a redução de cerca de 10% da área do hipocampo, ou córtex pré-frontal.
A psicoterapia é o método de tratamento mais eficaz para TEPT, porque ajuda a pessoa a enfrentar os sentimentos que surgem após o trauma, evitando que o quadro se agrave, além de possibilitar que a pessoa retome suas atividades que costumam ser interrompidas ou gravemente afetadas.
Vejamos adiante mais detalhes sobre o Transtorno de Estresse Pós-Traumático:
Sintomas do Transtorno de Estresse Pós-Traumático
Os sintomas do transtorno de estresse pós-traumático são organizados em quatro categorias, sendo a existência de ao menos dois de cada bloco um indicativo de que a pessoa sofre com o transtorno. E sintomas físicos como: taquicardia, sudorese, tonturas, dores de cabeça, falta de ar, ondas de calor e frio.
Além disso, cada pessoa pode desenvolver sintomas específicos para aliviar a ansiedade, como, por exemplo, vítimas de violência sexual que se banham repetidamente como um ritual de purificação, ou ainda, o uso de álcool ou entorpecentes para amenizar os sintomas.
Sintomas de intrusão
- Memórias indesejadas, involuntárias e intrusivas;
- Pesadelos recorrentes;
- Flashbacks, onde revive os eventos como se acontecessem agora;
- Reações intensas em situações ou eventos que relembrem o trauma.
Sintomas de esquiva
- Evitar locais, atividade, situações e pessoas que possam recordar o trauma;
- Evitar sentimentos, pensamentos, memórias e conversas;
- Isolamento social.
Sintomas negativos a respeito do pensamento e do humor
- Amnésia dissociativa, caracterizada pela perda de memórias significantes do evento;
- Sensação de desligamento ou entorpecimento na presença de pessoas;
- Perda de interesse em atividades que apreciava;
- Depressão;
- Distorção do evento traumático;
- Culpar a si ou a outros pelo ocorrido;
- Vivência de emoções negativas como medo, raiva, constrangimento ou horror;
- Se sentir incapaz de ter emoções positivas como felicidade, amor, alegria e satisfação.
Mudanças na reatividade e estado de alerta
- Hiper vigilância;
- Insônia ou dificuldade para dormir;
- Problemas para se concentrar;
- Descontrole emocional e reativo;
- Ataques de raiva e irritabilidade;
- Assustar-se facilmente com frequência.
O Transtorno de Estresse Pós-Traumático no mundo pós-pandemia
A revista Galileu divulgou uma matéria no início de 2022 sobre um estudo feito nos Estados Unidos, por pesquisadores do Women’s Health Research, em parceria a Universidade de Bordeaux, na França e ao Centro Nacional de TSPT.
A partir dos dados obtidos, os cientistas que conduziram a pesquisa concluíram que os sintomas de estresse pós-traumático atingem 25,8% da população e estão relacionados à pandemia do Coronavírus, indicando a necessidade de aprofundamento nos estudos.
A pesquisa ainda levanta a hipótese de que tais efeitos negativos atingiram mais as mulheres do que os homens, por conta da sobrecarga de tarefas desencadeada pelo trabalho home office e as atividades escolares remota dos filhos.
O aumento nos casos de transtorno de estresse pós-traumático já era esperado pelos especialistas após um ano de pandemia.
Conforme matéria divulgada pela Associação Beneficente de Assistência Social e Hospitalar, 28% dos 402 pacientes monitorados com Covi-19, após se recuperarem, desenvolveram sintomas de TEPT. Os dados correspondem a estudo feito pelo Hospital San Raffaele de Milão, na Itália.
Tratamento
O CID-10 (Classificação Internacional das Doenças) e o DSM-IV (Manual de Diagnóstico dos Distúrbios Mentais) dão os parâmetros para o diagnóstico do transtorno de estresse pós-traumático e outras doenças. Onde o primeiro passo é a identificação do evento traumático.
Para o tratamento do TEPT são indicados o acompanhamento psicoterapêutico e o uso de medicamentos.
Algumas práticas também têm demonstrado eficácia no alívio dos sintomas, tais como: exercícios e atividades físicas, técnicas de relaxamento, dieta saudável e balanceada, e práticas que estimulem o bem-estar.
O principal tratamento para o transtorno do estresse pós-traumático é a psicoterapia, sendo a Terapia Comportamental Cognitiva (TCC) a mais indicada. Essa corrente de pensamento, realiza com o sujeito a chamada terapia de exposição, onde seus medos causados pelo evento traumático são apagados.
Através da imaginação do evento, o terapeuta ajuda a pessoa a recriar gradualmente a situação. Para a eficácia da terapia de exposição é preciso que o indivíduo sinta que tem apoio e que o avanço respeito seus medos e ansiedades. Por vezes, o acolhimento pode ser necessário para o caminhar da terapia.
Além disso, técnicas de controle do estresse por meio de relaxamento e respiração, são usadas na psicoterapia para aliviar os sintomas de ansiedade provocados pelo transtorno de estresse pós-traumático, bem como preparar o paciente para o tratamento expositivo.
A administração de fármacos como ansiolíticos e antidepressivos é feita em conjunto a psicoterapia. E para tratar os sintomas de insônia e pesadelos são administrados, geralmente, olanzapina, quetiapina ou prazosina.
De modo geral, a gravidade dos sintomas do TEPT costuma diminuir com o tempo, mas não desaparecem completamente, podendo ressurgir no futuro diante de um evento igual ou semelhante.
A verdade é que os sentimentos e sensações originados pelo evento permanecem afetando o comportamento do indivíduo, mesmo que os sintomas físicos e a revivescência não ocorram mais.
O psicólogo ajuda aquele que sofre com o transtorno de estresse pós-traumático a desenvolver mecanismos saudáveis de enfrentamento ao trauma, sem que prejudiquem seu comportamento e modo de vida.
Disponível em: Transtorno de Estresse Pós-Traumático (TEPT). https://www.psicologoeterapia.com.br/blog/transtorno-de-estresse-pos-traumatico/. Acesso em: 23 de agosto de 2022